Translate

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Psiquiatria, uma indústria da morte


Inicialmente pode parecer que este vídeo não tem nada relacionado a questão racial a que nos propomos a discutir, pelo menos até a exposição do apoio que segmentos da psiquiatria deram para criar as teses que auxiliaram na segregação racial, que vai do holocausto judeu até o apartheid, a escravidão negra, a formação da KKK. Percebemos que há sempre um movimento na história que tenta, cientificamente "embasados" e financeiramente protegidos, justificar chacinas.
Quanto se trata de opressão este vídeo é perfeito em mostrar a necessidade humana de criar um padrão de normalidade, de aceitável, de doença e saúde, de estética do Homem e da Mulher.
Inicialmente pode-se observar o documentário e apenas sentir-se chocado com aquilo que ele mostra, sem aprofundar o que ele pode mostrar além, entretanto, ao perceber esta necessidade de padronização, a busca pelo lucro e exploração, como bem vemos no uso do trabalho forçado nos campos de concentração, ou a justificativa de que os negros que fugiam da escravidão eram doentes mentais e por isso devia receber ''tratamento'' adequado, as chibatadas, a competição, a desqualificação do oponente, entre outros aspectos, posso dizer que o capitalismo está diretamente ligado a tudo.
A construção de um fetiche pelas ''doenças da alma'', do psiquiátrico, está ligada a uma necessidade de explicar os sentimentos de falta, de exaustão, de tristeza, de euforia da população sem dar matéria social, política, econômica a isso. Não desejo negar que existam doenças psiquiátricas, mas que sejam milhões no mundo inteiro doentes e que todos precisem de medicação.
Se uma pessoa sente falta de algo, sentimento de vazio o que preenche esse buraco? Comprar, comer, fazer sexo, o que? Em que medida? Isso é normal ou não? Quanto tempo de nossos dias somos bombardeados por informações de mercadorias de desejo, pessoas erotizadas, promoções de comidas? Tudo está a venda na televisão, na barra lateral de nossa página do facebook, nos panfletos, nas roupas, nas revistas, jornais... desde modos de vida até produtos.
Quem cria nossos desejos, modelos e necessidades? Quem cria o modelo do que é uma pessoa de sucesso? Modelo de beleza? Modelo de homem, de mulher, de normal, de estranho?
Existe uma estética, uma forma e conteúdo ditado pelo capitalismo de quem é aceitával viver, quem deve morrer, ser preso, medicar-se, que auxilia na disseminação do ódio, da repulsa, do desconforto ao diferente.
Cabe a nós treinarmos nossos olhares para ver além da forma que nos impõem a estética do aceitável, a estética da tolerância, eu poderia dizer. Não acredito na tolerância, pois a palavra me propõem que alguém ''superior'' permite minha existência, tão pouco gosto da pieguice que fala em ver o ''conteúdo interior do outro'', acredito no simples direito que cada humano, exatamente como é, existir com dignidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário