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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sugestões de filmes e uma breve crítica (maldosa)

Amistad (1997) - um dos filmes hollywoodianos de grande bilheteria em que a questão da escravidão não teve suas violências dosadas. O filme possui todo teor de romantismo que um filme de Spielberg sempre tem, entretanto, consegue expor as mazelas da viagem em um navio negreiro sem dosar nas imagens. Com certeza, as melhores atuações são de Djimou Hounsou e Morgan Freeman, um personagem em contraposição ao outro, o primeiro como o negro que carrega o peso da escravização e do homem cuja vida foi roubada e o outro exposto a uma outra forma de violência bastante velada, a aculturação. Destaque para a cena em que Morgan Freeman investiga o porão do navio negreiro e depara-se com a realidade brutal.

Gente comum (2004) - um restaurante está prestes a ser fechado e dele dependem vários trabalhadores de diversas raças e religiões. O filme pode parecer simples, mas as situações bem realistas a que estas pessoas são expostas torna tudo digno de atenção. Neste filme o racismo pode aparecer da forma que você menos espera e de quem menos imagina.

Malcom X (1993) - é impossível expor como esse filme é importante para a discussão racial em poucas linhas, mas posso dizer que este é o filme que traz de modo mais justo a verdadeira posição da discussão racial que é a do enfrentamento e da construção do conhecimento para superar a aculturação e a discriminação a que o povo negro é exposto.

Tempo de matar (1996) - este filme possui vários problemas, o primeiro é que conta a história de um pai, negro, que tenta fazer justiça atirando nos homens de violentaram sua filha. Até aí, tudo vai bem, entretanto, os personagens estupradores são a caricatura que os estadunidenses adoram traçar dos sulistas, sempre suados, ignorantes, amarfanhados. Vemos aí a eterna briga sul e norte, como se existisse também essa linha dividindo o racismo nos EUA. O segundo problema é que o diretor simplesmente tira as roupas de época de Matthew McConaughey, advogado de Amistad e coloca roupas atuais, afinal ele também é advogado neste filme e a atuação é exatamente a mesma. O terceiro problema não é um problema, mas uma solução, defesa emocionada do advogado que faz as pessoas do juri imaginar o sofrimento daquela criança é uma sacada boa do filme, sem fazer nenhum segundo você imaginar que as pessoas sentiram pena daquela menina negra, mas sim que com a fala dele ele possibilitou que eles imaginassem uma menina branca na mesma situação. O probleminha é que no filme querem passar que só quando o advogado se torna emocionalmente ligado àquela história ele sabe como prosseguir. O quarto problema, esse com estrelinhas (e listras no caso), esse me deu agonia. Quando Samuel L. Jackson, o pai, é solto e corre para abraçar sua filha, a velha e boa bandeira dos EUA tremula atrás deles. Cena ridícula. Qual a mensagem? Isso só poderia acontecer no "país da liberdade". Morri.

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